A minha experiência nos campos de concentração
Era ainda miúda quando, nos bancos da escola, ouvi pela primeira vez falar do extermínio nazi e na existência de campos de concentração. Desde logo soube que era algo que queria visitar. E essa oportunidade finalmente chegou.
Não me choco facilmente. Ia preparada para o que ia ver.
Não me chocou ouvir o relato das torturas que eram infligidas aos prisioneiros, não me chocou ver os seus objectos pessoais ou até mesmo o seu cabelo. Não me chocou sequer entrar numa câmara de gás, mesmo sabendo que milhares de pessoas ali morreram.
O que me chocou mesmo foi ver todo um bloco com as paredes cobertas com fotos de quem ali perdeu a vida.
Naquele momento deixaram de ser apenas pessoas, desconhecidos. Passaram a ter um rosto, um nome, uma história.
Não foi um judeu que foi torturado e morto cruelmente. Foi o Waclam Krepski, um serralheiro polaco, que nasceu a 23.12.1910 e que foi deportado no dia 5 de Abril de 1941 para Auschwitz onde viria a falecer a 8 de Novembro do mesmo ano.
Este jovem tinha a minha idade. Tinha família, sonhos, projectos. Tinha toda uma vida que faz precisamente hoje 76 anos que foi interrompida. Waclam foi preso, escravizado e torturado até à morte durante 7 longos meses.
Como ele milhares de outras pessoas viram a sua vida cruelmente interrompida.
E tomar consciência disso foi verdadeiramente arrebatador...